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Foto:  https://poetaguimaraesrocha.com/

 

GUIMARÃES ROCHA

( Mato Grosso do Sul – Brasil )

 

Antonio Alves Guimarães Rocha nasceu em Quixeramobim – Ceará e reside em Campo Grande (MS) desde 1980.
Poeta, professor, é major da reserva da PM/MS. Escreveu, até 2010, vinte livros.  Guimarães Rocha é fundador da União Brasileira de Escritores – UBE/MS, à qual presidiu e ocupou diversos cargos em várias gestões.

Lançou a coleção Virtudes em cartão postal poema com 21 exemplares.

Ocupa a cadeira no. 4 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

 

REVISTA DA ACADEMIA SUL-MATO-GROSSENSE DE LETRAS.  No. 18.   Dezembro de 2010. Campo Grande, MS: 2010. 
Ex. cedido por Rubenio Marcelo

 

Grande Oriente de Mato Grosso do Sul
(A:. R.: L.: S.: Luz do novo milênio no. 3.350)


Felicidade

Medita o poeta por entre os pirilampos
Vibra um canto novo sobre antigas eras
A voz da liberdade troveja pelos campos
Abrindo caminho e dissipando as trevas

Brota do coração a mensagem de alegria
Viva no Desígnio H a Beleza resplandece
Felicidade é a ternura com nova energia
Diante do infinito em que a alma cresce

O encontro de Loja é o grande despertar
Para endireitar nossas veredas o sino soa
Obreiros da arte real fazem a luz brilhar
Construindo o perfeito que se aperfeiçoa

Ouço ao longe no tempo eterna sincronia
Nos versos testados isso não se faz sozinho
T... t... t... tira da opaca madeira sintonia

Afirmo que é meia noite na coluna sul
Na construção interior move-se o moinho
Atenção à tarefa tem carinho da cor azul

O vigilante do norte confirma é meia noite
A sentença de amor em nobre pergaminho
Com o espírito de verdade lhe faz a corte

Não tremerá o que sabe o jogo da Ordem
E ousará diante do sagrado com liberdade
Comprometido nas trilhas do sumo Bem
Alcançará reconhecimento espiritualidade

E ao plenilúnio balança o sensível coração
Na rede afetuosa do humilde contemplar
Harmonia reina sem mistério na amplidão
No mar de amor solidariedade a navegar

Ao construtor universal o edifício da virtude
Sua plaina faz retidão de justiça e verdade
Nessa glorificação sem medo da vicissitude
Opera no silêncio uma duradoura felicidade


A estrela oculta

Humildade é virtude secreta
Pois ela não se diz

O teu sindicante não perguntou
Mas mediu a tua chama íntima
De humildade para a Ordem

Não será Sublime aquele que não souber
Passar em oculto ardendo em silêncio

A santidade escreveu:
"Humildade é o chão das virtudes"
Sem a tala as demais se perdem

Vaidade é a maior cilada para o espírito
A glória da Arte Real não será conhecida
Nem saboreada por um arrogante

Humildade flor da consciência
Sobre as limitações de terra

Energia limpa no culto da interioridade
Humildade da ilimitada luz
No céu das divinas obras


Céu

Dignidade é o céu almejado
Desde sempre e para todo o sempre
Amor é o que buscamos
Dar e receber

Não existe outra lei
Linda sentença do coração
Inteligível a toda criatura
Indizível Amor

O Sol é testemunha de quanto amor existe
Amor é o próprio existir do Céu

Na conversa entre as estrelas que brincam
E ardem de amor pelo infinito
O coração da vida expande
Fibras e flores espirituais de ilimitado número

A corda mais sensível da compaixão é o perdão

Pelos campos da caridade
A bondade é a mais bela flor
A espiritualidade alta
Coroa somente o desprendido
Que venceu a ilusão do ego a serviço do irmão

 

REVISTA DA ACADEMIA SUL-MATO-GROSSENSE DE LETRAS.  No. 20. Dezembro de 2011. Campo Grande, MS; 2011. 
                                                                       Ex. cedido por Rubenio Marcelo

O Segredo da Águas

Donde vêm as águas?
— Do laboratório divino
O fluído é condensado em água
Que cai
Sobe
Brota
Despeja
Corre
Alimenta
Multiplica
Substâncias

O dom das águas é fluir
No nascedouro
E mesmo depois
De represada
Em outra fase não fugirá
A força divina do eterno fluir
Até o charco ainda que
Aparentemente imóvel
Elabora em segredo
No calor das essências
A vida luxuriante que depois se expõe
Miraculosamente

No pantanal o mistério
Das águas
É sublime ainda mais
Suas temperaturas cambiantes
Acalentam variedades
De animais
Num tanto que desafia
A imponência da matemática

A água é fiel veículo
— Não a envenene
Mesmo por pensamento
Para que tal ato não se converta
Em consequências desastrosas
Acionando outras águas
Para verterem com amargura
Dos olhos do teu filho


A Lenda

Boca-de-sapo
Onça pintada
Aracnídeos
O medo é grande
No imaginário pantaneiro

Nada é mais real
Que a lenda
Quando a mente cria
O fantástico factível

O nativo
Acordado sonha
E se vê realizado
No mundo mágico
Não destrói em vão
— Preserva naturalmente
Mas ainda anseia o progresso
E a evolução às porta lhe traz
O bom mas também
O inteligente ambicioso
Que soma à tecnologia
O cruel egoísmo voraz
Que fazer para evitar
O desastre?

Nem o medo e o modo
Do estacionário ingênuo
Podem assim permanecer
Nem a máquina fria
Irresponsável que aniquila
E os métodos imorais
De exploração maciça
Poderão prevalecer

Há uma solução plausível
Entre a lenda e a realidade
Da globalização

Tal medida é o coração
Atuante na ação progressista
Reverente na base do bom senso
E o reconhecimento
Da essência espiritual
Que se espraia por todo aquele mundo
— Chamada "tudo quanto é sagrado"
Diante da qual toda agressão
É sacrilégio
Ou simples assassinato.


Chuva pantaneira

Depois da decisão
Da precipitação
Quem poderia impedir
A chuva?

No coração do Pantanal
O jacaré guarda os olhos
Protegendo as órbitas
Submerge
Nada
Vem à tona
E se desloca
Pra toca úmida e quente
Sua função agora é aguardar

Há um profundo instinto respeito
Dos bichos no seio
Da mãe natureza

Tocam o arrulhar
As aves
Pela quietação expectante
Cada qual no seu momento
Vital

No tocante à chuva
Que passa a reinar soberana
Assessorada pelos agentes
Do raio e do trovão
O silêncio se faz
Até que as águas
Comecem apenas a correr
Em vez de desabar

Devagarinho os baques
Tornam-se embalos sutis
Da natureza

Como querem os pássaros
E tudo o mais vive
Eis o novo
O sol e as aragens
Nas terras baixas
Elevações e morros
Entranhados pelo Rio Paraguai

A celebração permanente
É retomada simplesmente
Ao impulso do Divino Regente
De todas as coisas

É tanto pio
Tanta voz da fauna e flora
Que diante do majestático
Meus olhos não contêm
As lágrimas de alegria
De minh´alma comovida
A cantar:
— Quanta luz! Quanta luz!
— Quanta alegria! Quanta alegria!


*


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Página ampliada e republicada em julho de 2022


 

 

 
 
 
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